Marina Silva não representa os "Brasileiros"


É comum eleitores justificarem o voto em Marina Silva para presidente nas Eleições 2014 afirmando que ela representaria uma “nova forma de fazer política”. Abaixo, sete razões pelas quais essa afirmação não faz sentido:

1. Marina Silva virou candidata fazendo uma aliança de ocasião. Marina abandonou o PT para ser candidata a presidente pelo PV. Desentendeu-se também com o novo partido e saiu para fundar a Rede -- e ser novamente candidata a presidente. 

Não conseguiu apoio suficiente e, no último dia do prazo legal, com a ameaça de ficar de fora da eleição, filiou-se ao PSB. Os dois lados assumem que a aliança é puramente eleitoral e será desfeita assim que a Rede for criada. Ou seja: sua candidatura nasce de uma necessidade clara (ser candidata), sem base alguma em propostas ou ideologia. Velha política em estado puro.

2. A chapa de Marina Silva está coligada com o que de mais atrasado existe na política. Em São Paulo, o PSB apoia a reeleição de Geraldo Alckmin, e é inclusive o partido de seu candidato a vice, Márcio França. No Paraná, apoia o também tucano Beto Richa, famoso por censurar blogs e pesquisas. A estratégia de “preservá-la” de tais palanques nada mais é do que isso, uma estratégia. Seu vice, seu partido, seus apoiadores próximos, seus financiadores e sua equipe estão a serviço de tais candidatos. Seu vice, Beto Albuquerque, aliás, é historicamente ligado ao agronegócio. Tudo normal, necessário até. Mas não é “nova política”.

3. Marina Silva mente ao negar a política. A cada vez que nega qualquer um dos pontos descritos acima, a candidata falta com a verdade. Ou, de forma mais clara: ela mente. E faz isso diariamente, como boa parte dos políticos dos quais diz ser diferente.
Há algum mal no uso de elementos da política tradicional? Nenhum. Dentro do atual sistema político, é assim que as coisas funcionam. E é bom para a democracia que pessoas com ideias diferentes conversem e cheguem a acordos sobre determinados pontos. Isso só vai mudar com uma reforma política para valer, algo que ainda não se sabe quando, como e se de fato será feita no Brasil.
Aécio tem objetivos claros. Quer resgatar as bandeiras históricas do PSDB, fala em enxugamento do Estado, moralização da máquina pública, melhora da economia e o fim do que considera um assistencialismo com a população mais pobre. Dilma também faz política calcada em propósitos claros: manter e aprofundar o conjunto de medidas do governo petista que estão reduzindo a desigualdade social no País.
Se você, entretanto, não gosta da plataforma de Dilma ou da de Aécio e quer fortalecer “uma nova forma de fazer política”, esqueça Marina e ouça Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) com mais atenção.
De Marina Silva, espere tudo menos a tal “nova forma de fazer política”. Até agora a sua principal e quase que única proposta é negar o que faz diariamente: política.

4. Marina Silva tem posições conservadoras em relação a gays, drogas e aborto. O discurso ensaiado vem se sofisticando, mas é grande a coleção de vídeos e entrevistas da ex-senadora nas quais ela se alinha aos mais fundamentalistas dogmas evangélicos. Devota da Assembleia de Deus, Marina já colocou-se diversas vezes contra o casamento gay, contra o aborto mesmo nos casos definidos por lei, contra a pesquisa com células-tronco e contra qualquer flexibilização na legislação das drogas. Nesses temas, a sua posição é a mais conservadora dentre os três principais postulantes à Presidência.
E então cada eleitor? Repense antes de votar e por favor espalhe para o máximo de pessoas! E se for entre Dilma e Marina vai de #Dilma por favor! #VemPraUrna #VoteConciênte

2 comentários:

  1. Levaria muito tempo para rebater ponto a ponto, com as devidas fontes e explicações, tudo o que foi escrito no artigo contra Marina Silva.

    Só comentarei um deles, a título de exemplo...

    Marina não se submeteu a Silas Malafaia, nem recuou nas suas posições em 2014, que foram as mesmas de 2010. Ela sempre defendeu a igualdade de direitos entre homoafetivos e heteroafetivos, sendo que seu programa de governo (ainda disponível em seu site) defendia, abertamente, a adoção por homossexuais!: http://marinasilva.org.br/programa/#pagina-116

    Só não usou a palavra "casamento" para evitar problemas com um eleitorado de dezenas de milhões, onde muitos veriam nisso uma interferência nas práticas religiosas: https://www.youtube.com/watch?v=fcsY4bFTaEE

    Ela respeita mais o Estado laico que a agnóstica Dilma, que se curvou à bancada evangélica para tirar o kit anti-homofobia da escolas, enquanto Marina teve a coragem de peitar essa mesma bancada para barrar um projeto de lei que previa a colocação de uma Bíblia em cada biblioteca pública (deixando de citar os livros de outras religiões). Em 2010, o Malafaia a criticou duramente não só por isso, mas também por defender a igualdade de direitos entre gays e héteros: http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/eleicoes-2010/malafaia-ataca-marina-de-novo-voce-nao-merece-o-voto-do-povo-de-deus/

    Quando o programa de governo de 2014 de Marina foi lançado, ele trazia a defesa do aumento do uso da energia nuclear (coisa que ela, como ambientalista, sempre rejeitou, e jamais poderia aceitar) e do casamento civil homossexual (expressão que ela sempre evitou, preferindo falar em "união civil"), além de apoio ao PL 122 (que criminaliza a homofobia).

    Rapidamente os erros foram detectados, para que se ajustassem à versão que havia sido combinada após a discussão interna dos integrantes da campanha.

    O Malafaia sempre apita quando alguém defende direitos aos homossexuais, e não poderia perder a oportunidade: no lançamento da primeira versão, gritou que o programa de Marina usava a linguagem do meio gay, e que era uma atentado à família... Mesmo após a alteração, ele continuou desgostoso, dizendo que "palavras foram mudadas, mas a essência é a mesma": http://www.otempo.com.br/cmlink/hotsites/elei%C3%A7%C3%B5es-2014/melhorou-muito-diz-malafaia-sobre-revis%C3%A3o-de-programa-do-psb-1.908302

    Foi NESTE momento (APÓS a alteração do programa) que o Malafaia deu um "prazo" para a Marina se manifestar, sob pena dele proferir uma crítica ineditamente dura.

    O que Marina fez? Nada! Continuou defendendo o que já defendia desde 2010 (e que constava na versão final do programa).

    O Malafaia continuou chateado, mas disse que votaria nela no 2º turno só pra tirar o PT do poder, e agiria no Congresso (por meio da bancada evangélica) para impedir a aprovação das propostas marineiras para os gays: http://www.otempo.com.br/cmlink/hotsites/elei%C3%A7%C3%B5es-2014/pastor-silas-malafaia-anuncia-apoio-a-marina-no-2%C2%BA-turno-1.909411

    O Feliciano, da mesma forma, é anti-PT. Seu voto para Marina seria mais um "voto útil" que qualquer outra coisa, já que ele sempre a criticou por não apoiar o fundamentalismo: http://portugues.christianpost.com/news/feliciano-nao-poupa-criticas-a-marina-silva-hipocrisia-crista-e-oportunismo-em-pauta-18294/

    Um dos autores das propostas constantes da 1ª versão do programa já deu seu testemunho sobre o que aconteceu: https://br.noticias.yahoo.com/marina-tem-preconceitos-diz-candidato-gay-rede-231200943.html

    Se você quiser, pode consultá-lo diretamente: https://www.facebook.com/VanderleiFernandessp?fref=ts

    O Marcio Sales Saraiva, que também ajudou a escrever as propostas, continuou apoiando Marina: https://www.facebook.com/marciosaraiva2013?fref=ts
    (continua...)

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  2. (continuação)
    A advogada transexual Giowana, de igual modo, que também foi autora das propostas, reconheceu que o programa de Marina continuou inclusivo após a alteração, e não desistiu de apoiá-la: http://marciosalessaraiva.com.br/advogada-e-militante-lgbt-giowana-fala-sobre-marina-silva-e-outros-babados/

    E o coordenador nacional de combate à homotransfobia do PPS não deixou de responder ao Malafaia: https://www.youtube.com/watch?v=eYXs-Spjz2U&feature=youtu.be

    A retirada da proposta de agir pela aprovação do PL 122 foi sábia: a tão pouco tempo da campanha, ficaria difícil conscientizar a população do que realmente representa esse projeto (que vem sendo demonizado, há anos, no púlpito de igrejas); mas note que Marina NÃO se comprometeu a vetá-lo! No lugar do apoio ao PL 122, a versão final do programa diz que deverão ser "criados mecanismos para aferir o crime de homofobia". Se vc não sabe, a Constituição diz que só pode haver crime com lei que o defina - o que significa que o programa ESTÁ, SIM, defendendo a criminalização da homofobia.

    O mesmo diz respeito ao "kit gay": o programa propunha criar um material didático voltado à conscientização contra a homofobia e o bullying nas escolas, e agora diz apenas que esse tema deve ser incluído na grade escolar. Foi conveniente, pois a referência ao "material didático" levaria muita gente a entender que ela pretendia mostrar vídeos de gays namorando... É ridículo, mas muita gente acha que o "kit gay" do PT mostrava (e defendia) tais coisas.

    Um usuário do Facebook já disse: “Prefiro um candidato que faz uma errata e conserta um erro que está no papel durante sua campanha, do que votar em um candidato que não admite os erros de sua administração, que os esconde e que finge que está tudo bem no país”.

    A prova irrefutável de que Marina não é fanática, e tolera as diferenças (inclusive quanto à orientação sexual), está neste testemunho de um ex-assessor (gay e líder de candomblé): https://www.facebook.com/video.php?v=10152768645011385&fref=nf

    Aqui tem uma entrevista escrita com ele: http://terramagazine.terra.com.br/blogdaamazonia/blog/2014/08/28/marina-pode-ser-elo-dos-religiosos-com-o-movimento-gay-diz-lider-lgbt-do-acre/

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