Uso diário da aspirina pode elevar o risco de desenvolver degeneração macular relacionada à idade


Um estudo europeu relaciona o uso diário da aspirina ao risco aumentado de desenvolver degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma doença que pode danificar a visão central, essencial para ler, dirigir e comandar a vida diária.
De acordo com a pesquisa, pessoas com 65 anos ou mais que tomam uma aspirina por dia apresentam o dobro do risco de desenvolver a forma úmida ou exsudativa da doença, em comparação com aqueles que ingerem o remédio com menor freqüência.
A degeneração macular em sua forma úmida ou exsudativa, na verdade, é uma forma avançada da doença, uma das principais causas de cegueira em pessoas idosas nos Estados Unidos e na Europa. 
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 2,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos sofrem com o problema no Brasil.
“A doença atinge a mácula, área nobre e central da retina, responsável por enxergar os detalhes e as cores.
Com o envelhecimento, a região recebe menos oxigênio e, para compensar essa deficiência, os vasos sangüíneos começam a se reproduzir descontroladamente. 
Eles se rompem e causam uma mancha que prejudica a visão, sob a forma úmida ou exsudativa”, explica o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Entre os usuários diários de aspirina, o estudo também constatou um risco um pouco elevado de desenvolver degeneração macular relacionada à idade, em seu estágio inicial. No entanto, nenhum risco maior foi encontrado para os usuários de aspirina que apresentavam a forma seca da doença, que é a forma mais frequente, cerca de 90% dos casos de DMRI. 
Apesar da forma seca ser a forma mais comum da doença, apenas uma minoria dos pacientes desenvolve o seu estágio mais avançado.
 “Aqueles que atingem o estágio mais avançado da doença perdem a visão central gradualmente, à medida em que a mácula apresenta depósitos de drusas”, explica o oftalmologista Juan Caballero, que também integra o corpo clínico do IMO, e é especializado no tratamento da doença!
O efeito da aspirina…
Como a aspirina pode reduzir coágulos de sangue, inflamações e dores, muitos médicos recomendam o seu uso diário pelos pacientes idosos com doenças cardiovasculares. Idosos com doenças cardíacas são, portanto, as pessoas que mais provavelmente tomem uma aspirina diariamente.
No estudo europeu, os 839 participantes que relataram tomar aspirina todos os dias apresentavam maiores taxas de doença cardiovascular, eram menos propensos a ser fumantes e eram mais velhos do que os participantes que tomavam aspirina com menos frequência. 
Uma vez que a doença cardiovascular em si é um fator de risco para a DMRI, os pesquisadores analisaram cuidadosamente se a saúde cardíaca dos participantes impactaria os resultados do estudo. 
E mesmo quando o estado cardiovascular do participante foi contabilizado, os resultados mostraram um maior risco de desenvolver DMRI, em sua forma exsudativa, entre os usuários diários de aspirina.
De acordo com os pesquisadores europeus, ainda é cedo para que os cardiologistas mudem sua recomendação médica a respeito da aspirina para pacientes idosos e cardíacos. São necessários outros estudos para reforçar a ligação entre o uso da aspirina diariamente e o risco de desenvolver DMRI, na sua forma exsudativa.
“É possível que o risco aumentado de DMRI possa superar os potenciais benefícios da proteção da aspirina para alguns pacientes, mas precisamos saber mais sobre os impactos da dose, tempo de uso e outros fatores antes de podermos dizer com certeza, ou fazer recomendações específicas”, defende a equipe do Instituto Holandês de Neurociência e Medicina Acadêmica, que realizou a pesquisa.
Este estudo holandês integra o European Eye Study que examinou e entrevistou mais de 4.600 europeus, entre 2000 e 2003. Os principais objetivos eram estimar a prevalência de DMRI e investigar os impactos da exposição ao sol e do uso de antioxidantes e vitamina no desenvolvimento da doença.
A exposição à luz solar também pode desencadear a oxidação na mácula. Segundo o oftalmologista, “esse processo pode ocasionar morte celular na região e degenerá-la. 
Por isso, reforçamos, sempre, a importância de usar óculos de sol com proteção contra raios ultravioleta. Além disso, é preciso controlar os níveis de colesterol no sangue para evitar o problema”, reforça a oftalmologista Roberta Velletri, que também integra o corpo clínico do IMO.
“Outra forma de prevenção da DMRI está ligada à ingestão de zinco e antioxidantes, como a luteína e o ômega 3, juntamente com a redução da ingestão de gorduras”, recomenda a médica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário