As origens dos sobrenomes




Na maioria das línguas indo-europeias, o prenome precede o sobrenome (apelido de família) na forma de designar as pessoas. Em algumas culturas e idiomas (por exemplo emhúngarovietnamitachinêsjaponês ou coreano), o sobrenome precede o prenome na ordem do nome completo.

Na maioria das culturas as pessoas têm apenas um sobrenome, geralmente herdado do pai. No entanto, em nomes de origem anglo-saxónica é comum a utilização de um nome do meio entre o nome próprio e o sobrenome, por vezes escolhendo o sobrenome materno para esse segundo nome próprio. Já na cultura lusófona é costume os filhos receberem um ou mais sobrenomes de ambos os progenitores.

Também assim se procede na cultura hispânica, porém note-se que, enquanto na Lusofonia os sobrenomes maternos precedem os paternos na disposição final do nome completo, na Espanha e na América hispânica a ordem é a inversa. Em Portugal o número máximo de sobrenomes permitidos é quatro, o que permite o uso de sobrenome duplo quer materno, quer paterno, enquanto que em Espanha é de dois, mas esses dois podem ser duplos, unidos por hífen, resultando na realidade em quatro. Já no Brasil e nos restantes países de língua portuguesa não existe essa limitação.

A partir do final do século XIX apenas, e por influência da burguesia francesa, tornou-se algo comum as mulheres portuguesas acrescentarem o sobrenome (ou duplo sobrenome) do marido aos seus sobrenomes, sem no entanto perderem os seus próprios de solteira. 

Esta prática pode originar nomes extraordinariamente longos (dois nomes próprios ou em casos muito raros três, e até seis sobrenomes seguidos) ou causar situações como uma mulher chamada Maria Santos Silva casar com um homem chamado José Pereira Santos, passando o seu nome a ser Maria Santos Silva Santos. Note-se no entanto que a repetição na mulher de sobrenomes comuns aos noivos é legalmente facultativa em Portugal, e depende apenas do gosto da noiva

Assim por exemplo, geralmente esta Maria Santos Silva escolherá ao casar assinar-se oficialmente Maria Silva dos Santos, se Pereira for da sua sogra, ou Maria Silva Pereira dos Santos, se Pereira dos Santos for sobrenome duplo do marido. Pois a adoção do sobrenome do marido, note-se, nunca foi obrigatória em Portugal, é apenas facultada por lei perante a vontade expressa dos noivos nesse sentido. Inversamente, a lei permite à mulher divorciada guardar o sobrenome ou sobrenomes do ex-marido, se assim o entender, por exemplo, por já ser conhecida profissionalmente e não pretender por essa razão retirá-los, ou outra ainda - manter o mesmo sobrenome usado pelos seus filhos, por exemplo.

Actualmente uma nova tendência cultural entre as mulheres portuguesas está regressando ao velho costume português de manter os sobrenomes de solteira, não adoptando os do marido ao casar. Também não é incomum em Portugal uma mulher assumir o sobrenome do marido, mas não o usar, nem na sua vida profissional, nem na sua vida pessoal (veja-se o caso de Maria Barroso). Na lei atual, também é permitido os homens adotarem o sobrenome das esposas, ou cada um dos noivos adotar um sobrenome do outro em troca, embora este uso seja raro (ver António Pocinho).

Formação dos sobrenomes ou apelidos em geral


Localidade: O John que morava numa colina/montanha (hill, em inglês) pode ter ficado conhecido por John Overhill (over, considera-se "em cima"). O John que morava perto de um riacho poderia ser chamado de John Brook (brook=arroio, ribeiro). Pode-se dizer que, em inglês, um sobrenome deriva de um local quando, por exemplo, termina em:

  • -hill (em inglês) ou -berg (em alemão), ambos significam montanha, monte;
  • -ford (um leito de rio);
  • -wood (floresta, bosque);
-brook (arroio, ribeiro);
-well (poço).


Alguns nomes portugueses são derivados de nomes estrangeiros de localidade. Por exemplo, Dutra teria vindo do holandês 'van Utrecht'.



Patronímico e matronímico: Muitos sobrenomes indicavam antigamente o nome do pai ou da mãe; por exemplo, "Esteves" significa "filho de Estêvão". Mas também Joana Fernandasignificava Joana, filha de Fernanda, assim como André João significou André, filho de João, e José Mariano quis dizer José, filho de Maria. Alguns dos patronímicos e matronímicos são cursivados, [1][2] e se passará a chamar Joana Fernandes ou André Eanes aos mesmos dois exemplos referidos atrás, processo sempre iniciado no litoral, e mais tardio no interior português ou no interior colonial. Os sufixos (ou prefixos) dos patronímicos variam de país para país:

  • Alemanha: -sen; -mann. Exemplos: Jansen, Petersen, Hansen, Hartmann, Lehmann, Kaufmann
  • Armênia: -ian. Exemplos: Aracy Balabanian, e Stepan Nercessian atores armenos-brasileiros; ou Cherilyn Sarkisian, nome da atriz norte-americana Cher.
  • Bulgária: -ov (masc.); -ova (fem.). Exemplos: Stoyanov(a).
  • Dinamarca: -sen. Exemplos: Olsen, Petersen.
  • Escócia: Mc-; Mac-. Exemplos: McNamara, MacMillan.
  • Espanha: -ez. Exemplos: Fernández, Méndez.
  • Finlândia: -nen. Exemplos: Virtanen, Salonen, Häkkinen.
  • França: -t. Exemplo: Martinet. Como o ator e dublador estadunidense Charles Martinet
  • Geórgia: -dze; -shvili. Exemplos: Makharadze, Saakashvili, Gabashvili.
  • Grécia: -poulos. Exemplos: Tatopoulos, Papadopoulos.
  • Hungria: -yi. Exemplo: Simonyi.
  • Inglaterra: -son. Exemplos: Johnson, Williamson.
  • Irlanda: Mc-; Mac-; O'-. Exemplos: McNaughton, MacNamara, O'Neil.
  • Islândia: -sson (masc.); -dóttir (fem.). Exemplos: Danielsson, Davíðsdóttir.
  • Itália: -i. Exemplos: Puchetti, Leonardi, Lorenzi, Benhossi.
  • Normandia: Fitz-. Exemplos: Fitzgerald, Fitzpatrick.
  • Noruega: -sen. Exemplos: Sörensen, Jakobsen, Mortensen.
  • País Basco: -ena. Exemplos: Hernandorena, Michelena (Mitxelena).
  • País de Gales: Ap-, Up-, -s. Exemplo: Apjohn, Upjohn, Updike, Roberts, Williams.
  • Países Baixos: -ssen. Exemplo: Janssen.
  • Países Catalães: -is; -es. Exemplo: Vives.
  • Polônia: -wicz; -ski. Exemplos: Marcinkiewicz, Kowalski.
  • Portugal: -(e)s. Exemplos: Simões (filho de Simão); Guimarães (filho de Guímaro, ou Vímara); Fernandes (filho de Fernando); Henriques (filho de Henrique); Nunes (filho de Nuno); Martins (filho de Martim); Rodrigues (filho de Rodrigo).
  • Romênia: -escu. Exemplos: Filipescu, Popescu.
  • Rússia: -ov, -ev (masc.); -ova, -ovna (fem.); -vitch. Exemplos: Ivanov(a), Petrovich.
  • Sérvia: -ić. Exemplos: Petrović; Petković; Milošević.
  • Suécia: -sson. Exemplos: Petersson, Gustafsson.
  • Ucrânia: -enko. Exemplo: Timoshenko.



internet revolucionou a pesquisa genealógica, reunindo recursos que diminuíram muito o tempo necessário para construir uma árvore de ancestrais. Tecnologias como as redes sociais são empregadas de forma a facilitar a busca por pessoas distantes que tenham o mesmo sobrenome, parentes esquecidos, perdidos ou por registros relevantes.



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